Promovida pela Elysium, Feira de Artesanato celebra o trabalho das mulheres de São José e aproxima comunidade das Ruínas da Boa Morte - Elysium Sociedade Cultural

As Ruínas de São José da Boa Morte, em Cachoeiras de Macacu (RJ), estão cada vez mais próximas de se tornarem um espaço vivo de convivência, cultura e memória. No dia 18 de outubro, o local histórico recebeu a 1ª Feira de Artesanato das Mulheres de São José, evento que reuniu exposição de peças produzidas por artesãs locais, praça de alimentação e visitas guiadas ao patrimônio.

A iniciativa marcou o encerramento do segundo módulo do Ateliê Mulheres de São José, uma das contrapartidas sociais do projeto de consolidação das ruínas conduzido pela Elysium Sociedade Cultural, com patrocínio da Nova Transportadora do Sudeste (NTS), por meio da Lei Rouanet, e apoio da Construtora Biapó e da Prefeitura de Cachoeiras de Macacu.

Para Giulyane Nogueira, diretora administrativa da Elysium, o dia foi de emoção e simbolismo. Segundo ela, o sentimento é de que o projeto está no caminho certo, embora ainda haja muito trabalho pela frente. Ela destacou também a presença expressiva do público, que superou suas expectativas, e a hospitalidade da comunidade local. “Projetos em cidades menores têm um cheiro de família, com o envolvimento de comerciantes, prefeitura, crianças e adultos.”, ressaltou.

Entre as expositoras, muitas participaram desde o primeiro módulo do curso, e ficou notável o amadurecimento das participantes refletido nas peças apresentadas. “Elas fizeram tudo com muito capricho e disciplina. Foi notável a evolução nas peças desde o início do ateliê e na confiança com que se apresentaram. O clima era de festa, orgulho e dever cumprido!”, contou Giulyane.

Patrimônio e pertencimento

A historiadora Rachel Wider, responsável pela pesquisa histórica das ruínas, evidenciou o valor simbólico do espaço e a importância de reabri-lo à comunidade. Ela lembrou que a antiga igreja, dedicada desde 1734 a São José da Boa Morte, padroeiro dos moribundos, foi durante séculos um lugar de fé e convivência, onde a população recebia sacramentos desde o batismo até o sepultamento.

Para Rachel, permitir que a comunidade volte a ocupar o local é essencial para sua preservação. “A gente só preserva e luta por aquilo que ama, e só ama o que conhece”, destacou, ao explicar que a feira representou um primeiro passo na reconexão dos moradores com o patrimônio. Ela observa ainda que as ações educativas e culturais desenvolvidas pela Elysium são fundamentais para aproximar a população do processo de consolidação.

Visitas guiadas e novas descobertas

Durante a feira, o público também participou de visitas guiadas pelas ruínas conduzidas pela equipe técnica do projeto. A arquiteta Carol Gonzales explicou que as apresentações foram pensadas para situar os visitantes historicamente e mostrar a situação estrutural da igreja antes das obras.

Carol notou que muitos moradores não conheciam o local em sua forma anterior. A equipe procurou explicar de forma didática a diferença entre consolidação e restauro, as técnicas empregadas e o uso de materiais contemporâneos. O passeio incluiu uma trilha aberta especialmente para o evento, que conectou o percurso à paisagem natural e à antiga estrutura de cemitério existente nas proximidades.

“Os visitantes puderam ver de perto o processo da obra e experimentar um pouco do que será o espaço quando estiver em funcionamento, o que despertou muito interesse e atenção”, observou Carol. Ela acrescenta que a etapa de consolidação está praticamente concluída. A proposta é preservar a identidade das ruínas sem apagar as marcas do tempo.

Para a arquiteta, o envolvimento da comunidade é o que dá sentido a todo o trabalho: “Tudo o que está sendo realizado só faz sentido porque há uma comunidade que manterá o espaço vivo. As mulheres artesãs terão a oportunidade de expor e vender suas peças, gerando renda e mantendo o patrimônio em constante movimento.”, ressaltou Gonzales.

Mulheres locais no foco!

Entre as expositoras, a artesã Mirtes Alves de Jesus, aluna do Ateliê Mulheres de São José, viveu o evento com entusiasmo. Ela contou que a experiência no curso foi transformadora, marcada por aprendizado e superação. “No começo, muitas acharam que não iam conseguir, mas fomos nos ajudando e chegamos até o final”, comentou Mirtes.

O macramê, técnica que sempre despertou sua curiosidade, foi o que mais a marcou. Ela descreve com carinho o processo de aprender a manusear o fio e criar suas primeiras peças, elogiando a paciência e dedicação da professora. Para Mirtes, ver suas obras expostas pela primeira vez foi motivo de orgulho. “É uma alegria muito grande ver meu trabalho na feira, com minha etiqueta e o valor que eu escolhi. Fiz tudo com carinho, e é uma felicidade saber que alguém vai levar para casa uma peça feita por mim.”, refletiu a artesã.

Postagens Recomendadas