Consciência Negra: protagonismo e resistência cultural em Goiás - Elysium Sociedade Cultural

Neste dia 20 de novembro, celebraremos pela primeira vez o feriado nacional da Consciência Negra, uma data marcada pelo reconhecimento da luta histórica dos negros no Brasil e pela valorização de suas contribuições para a cultura e a sociedade. O feriado é uma vitória para a resistência negra e um marco na promoção de discussões sobre racismo, desigualdade e protagonismo.

Goiás, estado rico em diversidade cultural, destaca-se por abrigar artistas e produtores negros que promovem a representatividade em diferentes linguagens artísticas. Estes profissionais não apenas fortalecem a identidade negra, mas também utilizam a arte como instrumento de transformação social, reafirmando a importância de ocupar lugares de protagonismo em todos os espaços.

Confira a lista de artistas e produtores culturais que representam a potência da cultura negra em Goiás:

  1. Naya Violeta@nayavioleta

Designer de moda goiana, Naya Violeta é uma referência na criação de peças que exaltam representatividade e sofisticação. Inspiradas em sua ancestralidade afro-brasileira, suas coleções têm como característica principal o uso de cores vibrantes, cortes elegantes e tecidos que remetem à cultura africana e brasileira. Naya também é reconhecida por colaborações com cinema, teatro e música, onde suas criações figuram como parte de narrativas que exaltam a diversidade e a luta pela igualdade racial. Seu trabalho foi destaque em desfiles como o do Goiânia Fashion Week e em campanhas publicitárias distintas para o empoderamento negro.

  1. DJ Daniel de Mello@djdanieldemello

Com mais de 15 anos de carreira, Daniel de Mello é DJ, pesquisador musical e referência na cena musical goiana. Seu repertório combina hip-hop, black music, funk e clássicos da música brasileira, com performances que já o levaram a dividir palcos com artistas como Racionais MCs, Emicida e Elza Soares. Além de ser DJ residente em projetos culturais, Daniel é fundador da Casa de Música, um espaço que promove a formação de novos DJs e a valorização da música como ferramenta educativa e transformadora. Seu trabalho vai além da performance, sendo também consultor musical para espetáculos e eventos culturais.

  1. Joadson Viana (Fummas) – @_fumminhas

Conhecido como um dos melhores B-boys do Brasil, Joadson Viana, conhecido como Fummas, iniciou sua jornada no break ainda na adolescência, em Aparecida de Goiânia. Sua formação foi no grupo Força Gueto Hip Hop Underground na cidade de São Luís – MA. Ao longo da carreira, representou o Brasil em eventos internacionais como a Batalha do Ano (França) e competições na América Latina. Fummas também atua como arte-educador, promovendo oficinas e oficinas para jovens em situação de vulnerabilidade social. Seu trabalho integra dança, cidadania e cultura hip-hop, buscando transformar vidas através da arte e da expressão corporal.

  1. Ricardo Melchiades – @richard.melchiades

Designer gráfico e tipógrafo, Richard Melchiades é um artista multidisciplinar com trabalhos que destacam a força da identidade visual e cultural. Co-fundador do Fictícia Lab, um espaço de experimentação criativa em Goiânia, Richard explora o uso de caligrafia e tipografia como ferramentas artísticas e políticas. Seus projetos de identidades visuais para eventos culturais, capas de discos e instalações artísticas, sempre incluem um olhar que valoriza a representatividade e a ancestralidade negra.

  1. Irmãos Credo (Jesus Credo e Izzy Credo) – @irmaoscredo / @credo.jesus / @credoizzy

Os irmãos Jesus Credo e Izzy Credo são artistas visuais do interior de Goiás que explora a tênue linha entre o sagrado e o profano. Suas obras carregam uma poética singular que mistura elementos das festas populares de Trindade, a estética urbana de São Paulo e temas como negritude, sexualidade e afrofuturismo. Inspirados pela infância marcada pelas tradições religiosas e pelas contradições de viver na “capital da fé”, criam narrativas visuais que ressignificam o imaginário cristão, apresentando um Jesus e uma Maria negra e de traços acolhedores. Seu trabalho já foi exposto em galerias de arte contemporânea e em eventos voltados à cultura afro-brasileira.

  1. Renata Caetano – @renata.artesa2020

Atriz desde 1993 e arte-educadora, Renata Caetano se reinventou durante a pandemia ao expandir sua marca de artesanato, a Nanã Souvenirs, conhecida pelas peças únicas feitas com cabaças e obras autorais que exaltam a cultura afro-brasileira. Renata também é idealizadora do projeto “Mulheres Negras Mãe e Filha / Vidas Negras Importam”, uma coleção de 20 peças esgotadas em uma semana. Participante do programa Delas Sebrae, ela aprimorou suas habilidades em comércio digital e expandiu a visibilidade de seus produtos. Hoje, Renata integra cultura, educação e empreendedorismo em suas criações.

  1. Wilson Formiga @wilsonformiga9

Wilson Formiga se descreve como um “pintor de vivências”, criando obras que retratam o cotidiano com uma sensibilidade única. Pintando há apenas dois anos, suas telas, murais e objetos como patins trazem memórias da infância e homenageiam o pai, que pintava letreiros em Goiânia. Seu trabalho, em tinta acrílica, já conquistou visibilidade em exposições e parcerias, destacando sua capacidade de transformar a simplicidade da vida diária em arte profunda. Wilson mantém o legado da pintura como memória e resistência cultural.

  1. Sertão Negro Ateliê e Escola de Artes – @sertao_negro

Fundado em Goiânia pelo artista visual Dalton Paula e pela educadora Ceiça Ferreira, o Sertão Negro é um ateliê-escola e espaço de resistência cultural negra. Com uma proposta inovadora, o local oferece cursos que vão desde capoeira angola até técnicas artísticas como cerâmica, gravura e a história das artes afro-brasileiras. Além disso, o cineclube do Sertão Negro promove reflexões sobre produções cinematográficas negras. O espaço conta com infraestrutura que inclui biblioteca com foco em literatura afrocentrada, um forno industrial para cerâmica, chalés para residências artísticas e ações educativas externas para a comunidade.

  1. Hariel Revignet – @harielrevignet

Arquiteta e artista visual de Goiânia, Hariel Revignet trabalha com colagens, pinturas e performances que abordam temas como espiritualidade, ancestralidade e memória coletiva. Criadora do conceito “Axétetura”, Hariel fundou arte e arquitetura com cosmologias afro-brasileiras e indígenas, propondo uma visão integrativa e sensível das territorialidades. Seu trabalho já foi exibido em importantes exposições, como a “Enciclopédia Negra” na Pinacoteca de São Paulo, e foi premiado na EDP nas Artes. Hariel também atua em projetos educativos e pesquisas voltadas à preservação de saberes tradicionais.

  1. Inà Avessa – @aka_inaavessa

Com uma trajetória que começa nas batalhas de rima em Goiânia, Inà Avessa se consolidou como uma das principais vozes femininas do rap no Centro-Oeste. Além de rapper, é produtora musical e ativista cultural, criando espaços de debate e resistência por meio de iniciativas como o projeto FREEcção e a batalha “Mana Hà Mana”, focado em ampliar a participação de mulheres no hip hop. Seu EP “Meu Barco” explora sua potência criativa, misturando batidas cativantes com letras que abordam empoderamento e vivências pessoais. Atualmente, o Inà também apresenta um programa na Moov FM, ampliando sua presença na cena cultural.

  1. Luz Negra – @luznegrarap

Luz Negra é uma rapper e compositora nascida e criada na região Noroeste de Goiânia. Com raízes no hip-hop e forte engajamento comunitário, suas músicas abordam temas como racismo, identidade e resistência cultural. Luz é membro do coletivo Wu-Kazulo e já se apresentou em festivais como Canto da Primavera, Vaca Amarela e Bananada, além de participar de projetos que promovem a inclusão de artistas periféricos na cena musical. Seu trabalho carrega influências que vão do rap clássico ao experimental, sempre mantendo uma conexão com a realidade das comunidades que representa.

  1. William tRAPo@pardim.indigesto

William TraPo é um artista visual, poeta e produtor cultural que faz graffiti, artes plásticas e literatura em sua produção. Autor do livro de poemas “Temporais”, ele aborda temas como marginalidade, subjetividade e o cotidiano urbano em suas obras. Como residente no Ateliê Justura, o tRAPo desenvolve projetos que dialogam com a cidade e a memória coletiva. Ele é membro do coletivo Zé Ninguém e já participou de exposições e festivais nacionais e internacionais, levando sua visão artística para diversos públicos. Seu trabalho reflete uma busca constante por narrativas que representam vozes periféricas e alternativas.

  1. Òkun – @0kun_

Pintora, ilustradora e colagista, Òkun é uma artista que utiliza sua arte para explorar a espiritualidade afro-diaspórica e os legados da diáspora africana. Como assistente do artista Dalton Paula, participe de processos criativos que unem arte e ativismo. Òkun já teve suas obras exibidas em mostras como “Dos Brasis: Arte e Pensamento Negro” no Sesc Belenzinho e colaborou como ilustradora em publicações de escritoras como Cidinha da Silva e Lília Momplé. Sua prática artística reflete um compromisso profundo com a ancestralidade e a ressignificação de identidades negras.

  1. Yah Luz – @yah_luz

Cantora, compositora, poeta e produtora cultural, Yah Luz é uma artista versátil que transita por diferentes linguagens artísticas para expressar sua ancestralidade afro-brasileira. Suas composições, repletas de lirismo e espiritualidade, ecoam a força das tradições africanas, ao mesmo tempo em que dialogam com temas contemporâneos. Formada em Audiovisual e mestra em Performances Culturais, Yah Luz também desenvolve projetos educativos que promovem a valorização da cultura negra. Seu trabalho se destaca na cena musical por sua barreira e conexão emocional com o público.

  1. Conceição de Marianna – @conceicao_voz

Cantora e compositora goiana. A artista assenta sua arte nas representações do cotidiano, nas ruas da cidade e nos quintais de família. Crescida nas imediações da Vila Nova, em Goiânia, entre o movimento das pessoas, o ritmo de suas ocupações sempre foi objeto de escuta e atenção da cantora. Suas referências transitam entre sons contemporâneos, e os tradicionais cantos de trabalho e cantos espirituais. Conceição alimenta-se de música popular brasileira: em suas formas e estruturas, particularidades e fusões.

  1. Rafaela Lincoln – @anarkotrans 

Rafaela Lincoln é travesti, que transforma seu corpo em um potente objeto político e artístico. Natural de Goiânia, Rafaela leva suas vivências como dádiva para o Sul, Sudeste, Norte e Nordeste do Brasil. Artista versátil, é ativista, modelo, compositora e rapper, utilizando a música como ferramenta para compartilhar sua trajetória e sua resistência. Aos 28 anos, canta e discoteca em diversos eventos culturais no Centro-Oeste brasileiro, com destaque para o Grito Rock, Inter UFC, Goiânia Noise e Vaca Amarela. Rafaela é um corpo em constante transformação, expandindo fronteiras e inspirando pelo poder de sua arte e existência.

Em um país tão marcado pelas desigualdades históricas, a Elysium Sociedade Cultural acredita que enaltecer o talento e a criatividade negra é um ato político. É uma forma de reforçar o papel essencial da população negra na formação da identidade cultural brasileira. Que não só nesta data, mas em todos os dias dos anos, possamos dar espaço e luz para esses artistas, para construirmos um Brasil mais representativo e plural.

 

Fotos: Reprodução do Instagram dos artistas 

Postagens Recentes