No dia 23 de abril, o Brasil celebra o Dia do Choro, um gênero musical que recentemente ganhou um importante reconhecimento: foi registrado como Patrimônio Cultural Imaterial. Conversamos com o professor Lamartine Silva Tavares, mestre em música pela Universidade Federal de Goiás (UFG) e coordenador do núcleo de Choro do Instituto Federal de Goiás (IFG), para entender a importância desse marco histórico e como o Choro se insere na cultura brasileira.
Para Lamartine, falar sobre o Choro é uma experiência especial, pois esse gênero musical fez parte de sua própria formação. Ele conta que teve contato com a música desde os seis anos de idade, aprendendo com seu pai, que tocava o característico violão de sete cordas, instrumento emblemático do Choro.
Ele destaca que o registro do Choro como patrimônio cultural pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) é um marco significativo. “Esse reconhecimento não apenas valoriza o gênero musical, mas também a cultura brasileira como um todo. O Choro é uma síntese dos encontros e desencontros que moldaram a identidade do povo brasileiro, representando a miscigenação cultural entre africanos, europeus e indígenas”, afirma Lamartine.
O professor enfatiza a importância desse reconhecimento para combater a marginalização histórica enfrentada pelo Choro e seus músicos. “No passado, os praticantes desse estilo eram estigmatizados e até perseguidos. No entanto, atualmente, há uma mudança nesse cenário, com iniciativas como a Semana do Choro realizada em parceria com a Polícia Militar do Estado de Goiás, é uma das evidências de uma maior valorização e inclusão do gênero na sociedade”, pontua.
“Além disso, o registro do Choro como Patrimônio Cultural Imaterial abre portas para sua maior difusão e inserção nos currículos escolares”, afirma Lamartine. O professor destaca a importância de levar o Choro para dentro das salas de aula, utilizando-o como uma ferramenta educacional para explorar temas como miscigenação e formação da identidade brasileira.
Em relação à cena do Choro em Goiânia, Lamartine reforça sua vitalidade e qualidade artística. Ele menciona músicos locais de destaque, como Anderson Buzeiro, Pedro Jordão e Lucas Barbosa, que contribuem para manter viva a tradição do Choro na cidade. “Apesar do cenário promissor, o professor ressalta desafios enfrentados pelos músicos, como a questão da valorização financeira. Muitas vezes, os cachês oferecidos pelos estabelecimentos não são suficientes para manter grupos completos de Choro, o que acaba limitando a apresentação do gênero em sua forma tradicional”, assinala.
Diante desses desafios, Lamartine chama a atenção para a importância de se buscar soluções que garantam a valorização e a continuidade do Choro como parte integrante da cultura brasileira. “Precisamos de mais espaços e oportunidades para os músicos, bem como políticas públicas que incentivem e promovam o gênero em sua plenitude. Com o registro do Choro como Patrimônio Cultural Imaterial, é possível vislumbrar um futuro promissor para esse gênero musical tão emblemático. A valorização e difusão do Choro não apenas enriquecem a cultura brasileira, mas também preservam uma parte fundamental de nossa identidade cultural”, reforça.
Neste Dia do Choro, a Elysium Sociedade Cultural reforça seu compromisso com a valorização da cultura brasileira ao celebrar esse estilo musical que agora, também é Patrimônio Cultural Imaterial do Brasil. A Elysium acredita que é fundamental promover e preservar manifestações artísticas como o Choro, que enriquecem a diversidade cultural brasileira e conectam as pessoas por meio da música, e reafirma seu compromisso em valorizar e difundir a cultura brasileira em todas as suas formas de expressão.
Imagem: Capa do livro ‘Choro – Do Quintal ao Municipal’, traz ícones do gênero como Jacob do Bandolim, Pixinguinha, Garoto, Raphael Rabello e Waldir Azevedo