Depois de uma etapa de inscrições com procura expressiva de mais de 700 candidatos, as aulas dos cursos de capacitação em Preservação e Restauro de Edifícios Históricos, Análise e Avaliação do Patrimônio Edificado e Gestão do Patrimônio Cultural começam na próxima terça-feira, no Palacete TiraChapéu, no Centro Histórico de Salvador.
Uma das contrapartidas sociais do restauro do Palacete, os cursos fazem parte do Programa de Responsabilidade Socioambiental e Educação Patrimonial, uma parceria do Palacete TiraChapéu e da Elysium Sociedade Cultural, responsável pelo restauro do prédio, um dos poucos remanescentes da arquitetura eclética em Salvador. A iniciativa une sustentabilidade, educação e restauração para fortalecer a preservação do patrimônio cultural. Viabilizado pela Lei Rouanet, o Programa tem o apoio das empresas Elo, Coca-Cola, PicPay, Eletrobrás, BahiaGás, Paper Excellence, Vinícola Uvva e Sost Distribuidora.
O Palacete TiraChapéu, restaurado pelas mãos de muitos profissionais talentosos, vai contribuir agora com a formação de novos talentos e sediar todas as aulas das primeiras turmas dos três cursos. A aula inaugural vai ser ministrada pelo museólogo, pesquisador e marchand Itamar Musse, patrono dos cursos, na próxima quinta-feira, dia 24 de abril, a partir das 18 horas. Itamar Musse é dono do antiquário que é referência no mercado de arte brasileiro.
“Reunimos arquitetos, engenheiros, restauradores e pesquisadores vindos de diferentes instituições, o que confere uma perspectiva ampla, interdisciplinar e conectada às práticas mais atualizadas no campo da preservação. Essa diversidade enriquece o processo formativo, permitindo que os participantes tenham contato com múltiplas abordagens, técnicas e experiências concretas de atuação em bens culturais edificados, oferecendo uma formação sólida, sensível e alinhada aos desafios contemporâneos da área”, explica Wolney Unes, Diretor-Presidente da Elysium Sociedade Cultural.
Qualificação para cuidar do patrimônio histórico e cultural
O curso de Gestão do Patrimônio Cultural vai abordar os novos usos em edifícios históricos, com ênfase nos critérios para a escolha e definição dos usos mais adequados, considerando aspectos técnicos, históricos e culturais. O processo de restauro do Palacete TiraChapéu será um dos conteúdos centrais, com abordagem dos desafios, planejamento e intervenções realizadas. Também serão ministradas aulas sobre estratégias de sustentabilidade, captação de recursos por meio de editais, leis de incentivo e parcerias público-privadas.
“A qualificação de gestores de patrimônio histórico é um pilar essencial para garantir intervenções bem-sucedidas e sustentáveis em bens culturais. Ao analisarmos boas experiências de restauros, percebemos um denominador comum: a presença de gestores preparados, com domínio técnico, sensibilidade cultural e capacidade de articulação institucional”, ressalta o arquiteto Marcelo Safadi, um dos responsáveis pelo restauro do Palacete TiraChapéu e membro do corpo docente do curso.
O panorama atual da restauração e os desafios da preservação do patrimônio cultural, com ênfase em boas práticas e inovações no setor, é o tema central do curso de Análise e Avaliação do Patrimônio Edificado. Os alunos vão aprender a avaliar o estado de conservação de estruturas em edificações históricas, fazer planejamento emergencial e tomar medidas de proteção ao patrimônio edificado, além de identificar riscos ambientais e humanos ao patrimônio histórico, entre outros assuntos.
No terceiro curso, Preservação e Restauro de Edifícios Históricos, a turma vai estudar, por exemplo, o reuso de materiais e técnicas arquitetônicas em projetos de restauro e preservação, com ênfase em práticas sustentáveis, técnicas de manutenção preventiva e corretiva, práticas de restauro e conservação de elementos em madeira e restauro em pintura.
“A boa gestão e o trabalho em restauro tratam-se de compreender o valor simbólico dos bens, dialogar com a comunidade, coordenar equipes multidisciplinares e tomar decisões fundamentadas em critérios técnicos e éticos. Sem essa qualificação, corremos o risco comprometer a autenticidade e desperdiçar recursos”, pontua Robson de Almeida, Diretor Institucional da Elysium Sociedade Cultural.
Palacete Tira Chapéu: da ruína iminente ao retorno como centro cultural e gastronômico
O Palacete Tira Chapéu estava com parte de sua estrutura seriamente comprometida quando a Elysium Sociedade Cultural iniciou, há cerca de cinco anos, um processo de restauro minucioso do prédio. Neste trabalho, foram recuperados detalhes arquitetônicos emblemáticos, tanto na composição da fachada quanto no interior do edifício, a exemplo dos vitrais na escadaria central, da restauração da escada em caracol de madeira torneada e o forro em tela deployé do salão.
Com o volume e a consistência de toda a estrutura restaurada, o Palacete Tira Chapéu voltou a fazer parte da vida da Rua Chile com a mesma relevância artística e estética das primeiras décadas do século XX. E agora, também será um valioso objeto de estudo na capacitação dos profissionais nos três novos cursos, que serão ministrados no prédio.
O Palacete, concebido em 1914 pelo arquiteto italiano Rossi Baptista, é um dos poucos remanescentes do estilo eclético em Salvador, com adornos inspirados na arquitetura barroca ao estilo clássico. Inaugurado em 1917, o edifício foi sede da Associação dos Empregados no Comércio da Bahia, e teve uso exclusivamente comercial e administrativo.
Serviço:
Aula Inaugural dos cursos de Preservação e Restauro de Edifícios Históricos, Análise e Avaliação do Patrimônio Edificado e Gestão do Patrimônio Cultural
Data: 24 de abril de 2025, quinta-feira
Hora: 18h
Local: Palacete TiraChapéu