Elysium Sociedade Cultural celebra 35 anos de história dedicada à preservação e valorização da cultura brasileira - Elysium Sociedade Cultural

Ao completar 35 anos de atividades neste mês de dezembro, a Elysium Sociedade Cultural se firma como referência em projetos culturais e patrimoniais. Desde sua fundação, a instituição tem explorado múltiplas vertentes culturais, mas foi em 2011 que definiu seu foco principal: o patrimônio material. Em entrevista, Wolney Unes, diretor técnico da Elysium, reflete sobre essa trajetória, os desafios enfrentados e as conquistas alcançadas.

  1. Como surgiu o foco no patrimônio material como eixo principal de atuação da Elysium?

Wolney Unes – Quando a Elysium começou, pensávamos muito em música, mas aos poucos percebemos que o patrimônio material talvez fosse o que ancorava toda a área cultural. Ele é palpável, é o que permanece, e vimos isso como a base para o resto da cultura. A grande virada ocorreu em 2011, quando decidimos nos direcionar preferencialmente ao patrimônio material, compreendendo a relevância de preservar edifícios históricos como alicerces tangíveis da cultura.

  1. Quais foram os maiores desafios que vocês enfrentaram nos projetos de restauro?

Wolney Unes – Nosso maior desafio tem sido conciliar as expectativas da sociedade com as exigências dos órgãos de patrimônio. A visão institucional costuma ser muito rígida, buscando congelar o estado original do bem. Nós, por outro lado, acreditamos na necessidade de espaços históricos vivos e funcionais, com conforto e acessibilidade. Um edifício do século XVII precisa atender às demandas contemporâneas. Mas essa divergência não gera apenas impasses, ela também impulsiona debates importantes sobre a preservação cultural no Brasil e seus caminhos.

  1. Além do patrimônio material, como a Elysium atua no campo da música e da literatura?

Wolney Unes – Sempre nos preocupamos em mostrar o Brasil ao mundo e revelar o Brasil invisível aos próprios brasileiros. O Brasil Central, por exemplo, ainda é subestimado. Um músico que atua no Rio de Janeiro é considerado “brasileiro”, mas um de Uberaba é chamado de “mineiro”. Essa distinção marginaliza regiões e talentos. Em nossas iniciativas musicais e literárias, destacamos as origens e as riquezas culturais desse Brasil pouco explorado.

  1. Como as parcerias fortaleceram a atuação da Elysium ao longo desses anos?

Wolney Unes – Ao longo desses 35 anos, trabalhamos com uma ampla rede de parceiros, desde empresas privadas até governos estaduais e voluntários. Hoje, contamos com uma equipe central de 20 pessoas e cerca de 100 colaboradores temporários em projetos diversos. Valorizamos especialmente as contrapartidas sociais proporcionadas por projetos financiados pela Lei de Incentivo à Cultura. Um exemplo emblemático é o de jovens que participaram de ações de formação, cursos oferecidos por nós e hoje trabalham no setor, apaixonados por preservar nossas referências.

  1. Existe alguma lembrança de bastidor marcante que ilustre o impacto dos projetos da Elysium e você possa compartilhar?

Wolney Unes – Um episódio emocionante foi durante uma aula na disciplina patrimônio cultural na Universidade Federal de Goiás. Eu apresentava uma ação realizada havia já uns 10 anos, em que levávamos crianças para conhecer monumentos históricos de Goiânia. No meio da aula, um aluno se levantou e disse: “Eu participei disso!” Ele então contou como aquela experiência o marcou e o motivou a levar os pais para visitar os mesmos locais. Ele se tornou um embaixador da cultura sem saber, transmitindo esse amor pelo patrimônio.

  1. O que o futuro reserva para a Elysium?

Wolney Unes – Olhando para o futuro, gostaria de ver a Elysium ainda mais forte e com uma equipe preparada para continuar nosso trabalho por muitos anos. Sonho em criar uma cultura de doadores individuais que contribuam mesmo que simbolicamente, pois isso fortalece o sentimento de pertencimento. Temos um legado a ser cuidado, e espero que as próximas gerações assumam esse compromisso com a mesma paixão.

Nova marca 

Para comemorar os 35 anos da instituição, a Elysium Sociedade Cultural lançou um logotipo comemorativo. A nova marca reforça os elementos da trajetória da entidade, integrando fragmentos que representam as conquistas e o impacto da atuação ao longo de mais de três décadas.

Dentro do emblema, destacam-se elementos que narram essa história: os livros publicados, que carregam o conhecimento e a essência de nossa missão; as apresentações musicais, que emocionaram e conectaram pessoas; e o Parque Florata, símbolo de renovação ambiental e cultural, representado pela escultura “A Folha”.

A composição também celebra os restauros arquitetônicos que marcam o compromisso da Elysium com a preservação do patrimônio histórico: o Jockey Club de São Paulo, o Palacete Tira-Chapéu em Salvador e o Pórtico do IFG em Goiânia. Cada um desses marcos ilustra a união entre tradição e inovação que define nossa identidade.

Esse símbolo é mais do que um número comemorativo, é um manifesto visual de tudo que a Elysium representa: arte, cultura e memória. Ele materializa nosso legado e projeta o compromisso de continuar transformando o presente com os valores que nos trouxeram até aqui. Em seus 35 anos, a instituição reafirma seu papel como guardiã do patrimônio cultural brasileiro, preservando histórias que conectam passado, presente e futuro.

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