Ana Liberato ¹ e Olívia Biasin ²
O Museu de Arte da Bahia (MAB) foi criado em 1918, sendo inicialmente denominado Museu do Estado e funcionando como uma seção anexa ao Arquivo Público. Em 1931, seu acervo foi transferido para o Solar Pacífico Pereira, na Praça Dois de Julho (Campo Grande), no terreno que hoje abriga o Teatro Castro Alves. Em 1946, foi para o Solar Góes Calmon, em Nazaré, atualmente sede da Academia de Letras da Bahia. No final dos anos 60, o museu também esteve presente no Convento do Carmo. Sob a direção do artista plástico Emanuel Araújo, em novembro de 1982, o museu foi inaugurado no Corredor da Vitória, onde se encontra até os dias atuais.
A atual sede possui referências históricas importantes, a partir da própria história da casa. No local existiu, no século XIX, o palacete do comerciante de escravos José Cerqueira Lima. Em 1858, o prédio foi vendido ao prof. Francisco de Almeida Sebrão para se tornar o Colégio São João. Em 1879, foi adquirido pelo governo para ser residência dos Presidentes de Província e, posteriormente, Palácio dos Governadores.
Fachada do Museu de Arte da Bahia, no Corredor da Vitória (Foto: Cristiane Lima)
Na gestão de Góes Calmon, o antigo casarão, já em ruínas, foi demolido, dando início à uma nova construção para sediar a Secretaria de Educação e Saúde, inaugurada em 1927, onde trabalhou o educador Anísio Teixeira. A importante edificação, conhecida como “Palácio da Vitória”, foi enriquecida com vários elementos arquitetônicos de demolições de outros solares baianos, a exemplo da portada de arenito e jacarandá entalhada, datada de 1674, proveniente do Solar João de Matos Aguiar (situado na Ladeira da Praça); e do corrimão da escada, procedente do antigo Convento e Igreja de Santo Antônio do Paraguaçu, no Recôncavo Baiano, com suas colunas torneadas e figuras entalhadas, que atestam a arte da marcenaria do século XVIII.
O museu conta com três salas para exposições temporárias, um andar dedicado ao acervo permanente, auditório com capacidade para 150 pessoas e uma biblioteca com publicações de Arte e História. Também possui uma sala para oficinas e estacionamento. É vinculado ao Instituto de Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia (IPAC), autarquia da Secretaria de Cultura do Estado da Bahia (SecultBa).
Exposição do hall “Um Recorte das Coleções” (Foto: Mateus Brito)
Com o maior acervo museológico da Bahia, constituído por aquisições e doações, totalizando mais de 14 mil peças, abriga coleções de pinturas nacionais e estrangeiras, mobiliário, arte sacra, porcelanas orientais e europeias, cristais, prataria, leques, numismática, mapas e postais. Além das exposições, o museu também apresenta uma programação alinhada às novas tendências socioculturais, organizando ou acolhendo vários tipos de eventos, tais como: oficinas de arte, contação de história, bate-papo literário, palestras, recitais de música e poesia, espetáculos teatrais e feira agroecológica.
O museu guarda e expõe marcas do passado que remetem à história e à identidade da Bahia, ao mesmo tempo em que dialoga com as novas abordagens culturais presentes na sociedade, possuindo grande relevância no cenário artístico-cultural baiano e brasileiro. Nesse contexto, o MAB se configura como um espaço de educação e lazer, destacando-se como um dos principais equipamentos turístico-culturais do estado.
Oficina de arte, realizada pelo setor educativo do MAB (Foto: Mateus Brito)
1- Diretora do MAB
2- Pesquisadora do MAB