Em nova fase do projeto de consolidação das Ruínas de Macacu, monumento ganhará um mirante  - Elysium Sociedade Cultural

Um dos marcos históricos mais simbólicos de Cachoeiras de Macacu, no interior do Estado do Rio de Janeiro, começa a ganhar novos contornos. As Ruínas de São José da Boa Morte, patrimônio tombado desde 1989, estão passando por um projeto de consolidação e requalificação, conduzido pela Elysium Sociedade Cultural, em parceria com a Prefeitura de Cachoeiras de Macacu e a Nova Transportadora do Sudeste (NTS). A proposta une preservação, sustentabilidade e valorização da história local, com ações que vão desde o reforço estrutural até a criação de um mirante que permitirá aos visitantes uma nova perspectiva da antiga Igreja de São José da Boa Morte.

As obras começaram em janeiro deste ano, após um longo período de estudos e levantamentos técnicos. A arquiteta Jéssica Marques, integrante da equipe da Elysium, explica que o processo de instalação do canteiro de obras foi cuidadosamente planejado, considerando o caráter possivelmente arqueológico do sítio. “Instalar um canteiro em um sítio com probabilidade de ocorrência de vestígios arqueológicos exige planejamento e sensibilidade. Realizamos uma análise detalhada do terreno para identificar áreas sensíveis e evitar qualquer interferência nas estruturas existentes. Cada ação é feita de forma controlada, garantindo que nada seja perdido nesse processo”, afirma.

Segundo ela, a prioridade foi estabilizar as paredes remanescentes e evitar novos danos causados pelo tempo e pela vegetação. Além da limpeza e consolidação das alvenarias, o trabalho inclui medidas sustentáveis, como a reutilização de materiais e a redução na geração de resíduos. “Temos um compromisso com a sustentabilidade. Sempre que possível, reaproveitamos materiais da própria obra e fazemos o manejo correto dos descartes. O objetivo é intervir o mínimo possível, mas o suficiente para preservar o máximo de autenticidade das ruínas”, acrescenta Jéssica.

O mirante: um novo olhar sobre o passado

Um dos elementos mais simbólicos do projeto é o mirante em estrutura metálica e aço corten, material resistente e de aparência que harmoniza com o contexto histórico. Ele será construído de forma autoportante, sustentado de maneira independente das ruínas, sem tocar nas paredes da antiga igreja, respeitando as características originais do monumento.

O engenheiro Pedro Carim, responsável técnico pela Elysium, destaca que a solução estrutural foi pensada para unir segurança, leveza e reversibilidade, princípios fundamentais na restauração de bens históricos. “A ideia é criar um espaço de contemplação que ofereça ao visitante uma nova visão do conjunto, sem interferir na estrutura original. O mirante será uma espécie de coro contemporâneo, posicionado de modo a permitir observar o interior das ruínas e o entorno natural, sem comprometer a integridade das paredes originais”, explica Pedro.

O material escolhido, o aço corten, confere durabilidade e uma estética que dialoga com o tempo e com a cor da terra. A construção será acompanhada de uma plataforma elevada no local do antigo altar, que também servirá como espaço para apresentações culturais, reforçando o caráter comunitário do projeto.

Preservar para pertencer

Além da parte técnica, a ação tem forte conexão com a comunidade local. A arquiteta Carolina Gonzales, moradora de Cachoeiras de Macacu e arquiteta residente do projeto, acompanha o andamento das obras de perto. Para ela, ver a consolidação das ruínas é a realização de um sonho antigo. “Desde a faculdade, eu estudava prédios antigos e sempre tive um carinho especial por esse lugar. Agora, poder participar diretamente da recuperação de algo tão importante para a nossa cidade é muito gratificante”, comenta.

Carolina destaca que as ações de conservação também levam em conta o entorno ambiental. O projeto prevê a criação de um parque cultural e ecológico, com trilhas, áreas de descanso e a preservação da vegetação nativa. “Queremos que o visitante venha conhecer as ruínas, mas também se encante com a natureza ao redor. Preservar a nossa história é também preservar o nosso território. Isso traz orgulho e um sentimento de pertencimento à comunidade”, enfatiza.

Patrimônio que transforma

Para a Elysium Sociedade Cultural, a recuperação das Ruínas de São José da Boa Morte vai muito além da preservação de um monumento. “A proposta é reintegrar o patrimônio à vida das pessoas, criando um espaço de convivência, aprendizado e valorização da memória coletiva. Além do mirante e das ações de consolidação, o projeto inclui a construção de um centro comunitário e de artesanato, que oferecerá oficinas e cursos de formação para moradores da região”, destaca Robson de Almeida, diretor institucional da Elysium.

Com o apoio da NTS, o projeto é realizado por meio da Lei de Incentivo à Cultura do Governo Federal (Lei Rouanet) e se alinha à estratégia de fortalecer o patrimônio histórico e o desenvolvimento sustentável nas regiões onde a empresa atua.

Robson afirma que, ao unir técnica, cultura e envolvimento social, as Ruínas de São José da Boa Morte passam a representar não apenas um vestígio do passado, mas um símbolo de futuro para a comunidade de Cachoeiras de Macacu, um futuro em que o patrimônio se transforma em ponto de encontro, educação e inspiração.

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