A Goiânia de ontem e a de hoje reinam absolutas dentro do meu coração - Elysium Sociedade Cultural

Cida Magalhães*

Faz algum tempo que venho sentindo uma espécie de nostalgia que me faz ter saudade até de um tempo não vivido. Na verdade, não nasci aqui, mas já tenho raízes fundas de quarenta anos neste lugar. Pode ser por isso, também, depois que se atinge uma determinada idade, começamos a rememorar muito, e, a acreditar que os acontecimentos vividos podem ter sido melhores do que aqueles que estão por vir. No entanto, é preciso continuar vivendo, mesmo que, entes queridos já tenham partido. Mesmo que, as novas tecnologias nos assustem um pouco e construir novos momentos, novas lembranças, novos lamentos.

Goiânia é este espaço que povoa minha mente, que forra os meus pés e que preenche todas as manhãs o colorido do meu horizonte. Assim, não poderia deixar de prestar homenagens a esta bela cidade, que se comparada com outras, ainda é jovem, e, com muito por viver e a ser melhorado em suas estruturas, mas também com diversos aspectos a serem celebrados e/ou ressaltados.

Começo então por citar o momento em que escolheram seu nome. De acordo com José Fernandes e Orlando Antunes Batista, em O Sortilégio do Nome, nomear é a ação de tirar do nada. Dessa forma, por conseguinte, assim que a nova capital do Estado de Goiás foi nomeada, deu-se então a sua existência de fato, pois até então ela era citada nos documentos públicos apenas como futura Capital, nova Capital ou nova Cidade. E ainda:

 

À cidade à que pelo Decreto nº 1.816, de 23 de março de 1937, foi transferida a capital do Estado, deu-se a denominação de Goiânia por força do disposto no artigo 1º do Decreto legislativo nº 327, de 2 de agosto de 1935. Isso significa que a cidade cuja construção determinara o Decreto nº 3.359, de 18 de maio de 1933, permaneceu, durante dois anos, no âmbito legal, inominada (QUINTELA; CASTRO, 2017, não paginado).

 

Mas, para que se entenda a escolha do nome dado à nova capital, é preciso lembrar-se do concurso promovido em 05 de outubro de 1933, pelo jornal O Social – um periódico da Cidade de Goiás, dirigido por José Honorato da Silva e Souza e Vasco dos Reis Gonçalves – no seu fascículo de número 04. E para participar dele era preciso responder à seguinte pergunta: “Como se deve chamar a Nova Capital?” O vencedor do concurso teria direito a uma assinatura do referido jornal por dois anos.

Após a apuração dos resultados do concurso citado, verificou-se que o nome Petrônia havia sido o ganhador com 105 votos. Na primeira sugestão deste nome dada ao jornal, Léo Lynce, juiz de Direito de Pires do Rio, e, destacado intelectual goiano, justificou-o: “… tem sido costume universal dar-se às cidades os nomes de seus fundadores…” (O Social 12/10/1933 apud QUINTELA; CASTRO, 2017, não paginado). Mas, o fato é que, mesmo encerrado o Concurso, que tentou batizar a nova Cidade, passou-se ainda um grande período de tempo até que ela fosse realmente conhecida pelo nome oficial.

A sugestão de Alfredo de Faria Castro, professor do Colégio Lyceu da Cidade de Goiás, publicada sob o pseudônimo de Caramuru Silva do Brasil – identidade mantida em segredo até o ano de 1942 -, se tratava de: Goiânia. Nome que, segundo ele, era o ideal, dado à “sua significação, sua sonoridade, fácil grafia e sentido histórico” (O Social 12/10/1933 apud QUINTELA; CASTRO, 2017, não paginado). Porém, essa sugestão ao ser submetida à apreciação do público recebeu apenas dois votos.

Pedro Ludovico Teixeira, no entanto, não aceitou nenhum dos topônimos mais votados pelo concurso realizado pelo O Social. No já mencionado Decreto nº 327 de 2 de agosto de 1935, no qual se criava o município e sua comarca, ele certificou o nome de Goiânia, sem dar explicações sobre o motivo desta escolha.

Assim, ainda há muito a se relembrar sobre a história de nossa cidade tão amada. Mas, para isso, aguardemos outras oportunidades que poderão se apresentar em um futuro próximo. Até mais ver, amigos!

 

*Poetisa e Mestre em Literatura Brasileira pela Universidade Federal de Goiás (UFG).

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